Eu amo os músicos de rua de Paris. Amo. Você pode ter um dia terrível, ter que pegar o metrô cheio de franceses fedorentos em horário de pico, mas no minuto que você ouve um tiquinho de música vindo dos corredores do metrô, é como se nada mais importasse, até mesmo se a pessoa não tocar bem!
Logo se forma uma platéia, e se você for sortudo, consegue pegar o metrô com um deles fazendo trilha sonora no caminho pra casa.
Ontem, eu e Julia fomos sortudas. Subindo as escadas pra Sacre Coeur pra festa do vinho, ouvimos um jazzinho e nos sentamos nas escadas pra assistir um trio improvisando, fazendo bagunça, tudo errado. E de repente eles começaram a tocar bossa-nova. Pronto, estávamos conquistadas. Dançamos enquanto eles tocaram, e fomos carregadas para uma festa nos subúrbios de Paris. Longe pra dedéu! Mas foi ótima, tirando o cansaço final, quase durmindo na cadeira, e voltar durmindo no metrô com medo de perder a estação.
O que ocorreu é que o guitarrista era português, por isso conseguia cantar perfeitamente em português. E é incrível como as pessoas sabem que somos brasileiras só pela forma como dançamos, e eu vou ser sincera, eu danço mal pacas. Logo colecionamos uma porrada de amigos franceses que são apaixonados pelo Brasil, alguns já tinham visitado, outros não. Experiência incrível, mas eu tenho que ser sincera, não consegui entender muito bem o que o português falava ou queria dizer, acho que os anos em Paris o fizeram acumular um sotaque parisiense, bêbado então, já era... incompreenssível.